domingo, dezembro 30, 2007

A saga do Millenium: há que ter bom senso!


Quase cai o Carmo e a Trindade com a nomeação de um administrador da CGD para este Banco, como se fosse a colocação de um treinador de futebol num equipa adversa. Faz lembrar um pouco a chamada de Emídio Rangel (então na SIC) para a televisão pública (RTP).
Era o fim-do-mundo! Era uma conquista de efeitos quase milagrosos. Depois, foi o que se viu...
Enfim, dramas e mais dramas com questões de lana caprina. Querem insinuar que há tutela de uma instituição pelo poder político instalado, olvidando que são os sócios a decidir. Grita-se "aqui-d'el-rei" como se estivesse em perigo a democracia, a liberdade, a pátria!
Com a colocação de Faria de Oliveira no topo da CGD, aquietam-se alguns espíritos mais timoratos, apaziguam-se ânimos exaltados. Mas ainda há quem refira haver um "centrão" a controlar a banca.
Esse "centrão" controla não só a banca mas também a AR, o TC, e muito mais esferas do poder. A superestrutura jurídico-política está impregnada desse aroma que já vem manifestando a sua presença há longos anos. Culpa de quem?
De quem vota. Do povo que somos.
Contudo há que ter um pouco de bom senso. Nada de alarmismos infantis. O Millenium depois de passada esta fase de purificação (espera-se que no melhor sentido) há-de recuperar o fôlego e prosseguir a sua rota de sucesso. Há que limpar os porões, calafetar a nau com esmero, para que possa prosseguir rumo a porto seguro.
Que ninguém tenha dúvidas que há-de melhorar com a mudança. Oxalá também a CGD melhore com a nomeação de Faria de Oliveira, um homem sensato, prudente e suficientemente equilibrado para não criar rupturas ou descontinuidades periclitantes na gestão desta grande nau do sistema bancário. Que as ondas alterosas que ora se vão fazendo sentir não passam, estou seguro, de meras birras palacianas de ressabiados políticos. Há formas mais inteligentes de atacar o governo. Esta é pouco eficaz. Ele tem muito por onde ser beliscado. O mar encapelado está a ser agitado por ridículos Neptunos de papel!... E há tantos por esse país fora!

sábado, dezembro 29, 2007

Problemática da saúde e conjuntura económica.

Não é fácil o papel de quem supervisiona a saúde em Portugal. Dir-se-ia que a questão depressiva (no foro económico-financeiro) está instalada no sector da saúde. A racionalidade económica obriga a situações que geram mal-estar, desconforto, contestação social.

Será desnorte governativo, excesso de zelo, emagrecimento sem motivações?

É óbvio que todos reclamam reformas. Todos dizem que há despesismo no sector. O diagnóstico é unânime. Contudo a terapêutica sofre cada vez mais contestação. Já se vislumbra no horizonte eleitoral um trunfo para a oposição. Já há quem veja o governo derrubado só pela gestão da pasta da saúde.

Será coragem ou excesso, a atitude do ministro em mandar encerrar SAP's em determinadas localidades, obrigando os utentes a recorrerem a serviços distantes da sua residência, em horários difíceis, gerando descontentamento generalizado?

É difícil responder com rigor a estas interrogações. Os resultados falarão por si. Nas proximidades do acto eleitoral é que se saberá ao certo qual o impacto. Estes efeitos colaterais, naturais e legítimos, manter-se-ão ou cairão no olvido?

é óbfvio que quem governa deve ponderar todos os cenários. O desgaste, a erosão que estas medidas impopulares provocam, poderão ser classificados como reformismo necessário, como coragem de cortar a direito, como mal necessário...

Contudo há quem olhe com desconfiança para estas medidas, não veja articulação com mecanismos capazes de suprirem certas lacunas; deveria ser adoptada uma política integrada, globalizante, gerando proveitos económico-financeiros e não causando grandes abalos na confiança popular. A questão dos transportes é crucial.

Oxalá a situação de regularize para bem de todos (utentes e agentes directa ou indirectamente ligados ao sector-saúde), contribuindo para o reformismo salutar que se deseja.

sexta-feira, dezembro 28, 2007

Benazir Bhutto a Mulher vilipendiada!


A imagem da Mulher e da Democracia ficará para sempre! Benazir foi a personificação da coragem, do amor à liberdade, do amor ao povo faminto de democracia!
Que o mundo saiba colocá-la no lugar que merece. Que o seu martírio não tenha sido em vão...
Os talibans levaram a cabo os seus desígnios: assassinaram aquela que personificava a liberdade para a mulher e a própria democracia no Paquistão. Mártir na plena acepção do termo, a sua morte enlutou todos os corações amantes da paz e da liberdade. As teocracias aberrantes e totalitárias estão a mostrar a sua verdadeira face. O mundo tem que usar métodos diferentes para acabar com esta hedionda campanha. A guerra só por si é insuficiente. O combate tem que ser mais profundo, tem que ir ao âmago das coisas: na mente!
Há que ir à génese do problema e transformar esta perfídia, este ódio sangrento e aberrante; a humanidade tem que compreender que não é com bombas que se combate o bombismo!
Há que repensar o combate a este totalitarismo aberrante e monstruoso. Há que parar a besta.

quinta-feira, dezembro 27, 2007

A Figura do Ano. Luiz Filipe Menezes



Eis a imagem do Estado, depois de expurgadas as gorduras supérfluas e ficar totalmente "desmantelado", como alvitra o Dr Menezes. Alguém discorda?!
Foi um furacão no ano de 2008. Arrasou tudo no PSD. Após um discurso hipervitimizador, conseguiu chamar a si as atenções generalizadas. Garantia não deixar Sócrates descansar. Atacaria ao pequeno almoço, ao almoço e ao jantar. Enfim, parece que não pretendia que o adversário se alimentasse. Agora, nova proposta: não deixará Sócrates dormir, no ano de 2008!
Enfim, estará omnipresente na vida do primeiro ministro!
No entanto, o facto é que tem mantido uma estranha ambivalência (na acepção psiquiátrica do termo, como é óbvio): mantém uma postura seguidista e pacificadora - quer acordos, quer plataformas de entendimento, quer pactos de regime - e, por outra via - quer «desmantelar o Estado», não deixar Sócrates dormir, ser um diabo à solta! - ficando o cidadão vulgar de Lineu sem saber o que quer realmente L.F.M.
Às 2ªs , 4ªs e 6ªs quer pactos, e, pelo contrário, âs 3ªs, 5ªs e sábados quer atacar o governo, derrubar Sócrates, desmantelar o Estado!
Enfim, querer e não querer ao mesmo tempo, cria tensões, leva ao desespero, marca a psique de qualquer humana criatura!...
O que almeja, enfim, o nóvel líder do PSD?
Na sua catarse populista afirma peremptoriamente que não é populista! E porquê?
Disse-o, e todos o levaram a sério: porque já leu Steinbeck e Hemingway!!!
Eu, se usasse terminologia idêntica, poderia afirmar que já li a Bíblia muitas vezes, que serei um profeta!... ou um doutor da Igreja!...
Enfim, o homem que abalou o país durante o ano de 2007 que traz de novo? Muito pouco, quase nada. Uma montanha que pariu um rato. Um « quase tudo que não representa nada», definição de Pessoa para um «mito»...
Já é tempo de se acabar com a teoria das panaceias redentoras. Nem é a estatização maximalista que traz o progresso, nem a privatização total que leva ao paraíso. Não, nada disso. O que é preciso é boa gestão. É racionalidade económica, é combate à corrupção, é respeito pelas regras democráticas e pelas leis. É o cerne do problema. Mas, infelizmente, quase todos os políticos esquecem esta realidade (Sócrates também).
Metam a mão na consciência e deixem-se de foguetórios verbalistas que não passam de meras demagogias da treta. O país precisa de homens sérios e não de demagogos de feira.

terça-feira, dezembro 25, 2007

CAXINAS...


A igreja-barco é também um ícone caxineiro.
O Senhor dos Navegantes, protector das gentes do mar...
Caxinas, terra mártir, terra mãe, dolente,
Viúva tão chorosa, deste mar refém,
Que, por vezes, traz morte, não é bom, clemente,
Mar raivoso, mar cão, mar sem perdão, também.
E quando a madrugada veste negro breu,
Quando o coração sangra, só angústia e dor
Todos sentem o luto como sendo seu,
Caxinas é também um coração, clamor.
Colmeia piscatória solidária e unida
Enfrentando sem medo temporais, a morte,
Nas horas de amargura, ganha fé na vida
Não cai no desespero, nunca perde o norte.
Epopeia salgada, a deste povo heróico,
Sangue, suor e lágrimas enchendo o mar
Páginas e mais páginas de esforço estóico
Na memória futura lá irão ficar.
Um farol de heroismo se levanta aqui,
Bastião de coragem sem limites, fé.
Imagem talismã de um povo crente em si
Que se orgulha de ser sempre o que foi, e é.
A modéstia no porte e no falar traduz
O perfil do carácter, condição moral,
O caxineiro sofre, mas transporta a cruz
Com dignidade altiva, robustez mental!

sábado, dezembro 22, 2007

Natal à beira-rio!...

«Vila do Conde espraiada...»
Tal como David Mourão Ferreira, tão olvidado hoje em dia, mas sempre presente
nos que admiram a sua poesia, também Régio nasceu à beira-rio. Será este o sortilégio dos verdadeiros poetas? Quem sabe?... em Vila do Conde há tantos e de tanta qualidade, dir-se-ia um viveiro...







Natal à beira-rio...


É o braço do abeto a bater na vidraça?
E o ponteiro pequeno a caminho da meta!
Cala-te, vento velho! É o Natal que passa,
A trazer-me da água a infância ressurecta.
Da casa onde nasci via-se perto o rio
Tão novos os meus Pais, tão novos no passado!
E o Menino nascia a bordo de um navio
Que ficava no cais, à noite, iluminado.
Ó noite de Natal, que travo a maresia!
Depois fui não sei quem que se perdeu na terra
E quanto mais na terra fazia o norte de quem erra,
Vem tu, Poesia, vem agora conduzir-me
À beira desse cais onde Jesus nascia...
Serei dos que afinal, errando em terra firme
Precisam de Jesus, de Mar, ou de Poesia?



David Mourão Ferreira... Obra Poética (1948-1988)
Editorial Presença

sexta-feira, dezembro 21, 2007

A procissão de alguns "lobos" pacifistas...

O lobo alfa, vigilante e tutelar, não será símbolo da paz?!
Sim, mas para toda a alcateia que vive sob a sua protecção...




Alguns falam de paz, para inglês ver,
Andam constantemente a guerrear;
A capa imaculada é para dar
Ar de cordeiro ao lobo a esconder...



Camuflagem de polvo, calculista,
Duplicidade, artes de embusteiro.
Não é um pacifista verdadeiro
Quem vê na paz fogo de vista!



Usam os tribunais como bastão,
Censura ao pensamento, à liberdade,
Que fracos pacifistas eles são!



Percorrem, quais pavões, toda a cidade,
Hipocrisia a rodos, procissão
De mordomos, propensa à hilariedade!!!

sábado, dezembro 15, 2007

Natal de quem sofre...


Quantos excessos em gastos supérfluos poderiam minorar o sofrimento de tantas crianças?!
O despesismo excessivo de uns e... a miséria excessiva de outros...
O Natal reflecte bem
O prazer de partilhar
Pouco dá... quem pouco tem
Vê-se a crise no olhar.
Quando o desemprego grassa
Sopram ventos de pobreza
O Natal perdeu a graça
Anda no ar a tristeza.
E se a doença aparece
No amigo ou no vizinho
O beber nem apetece
E a culpa nem é do vinho...
Emigrantes e imigrantes
Consolam a solidão
No Natal só por instantes
Aquecem o coração.
No hospital ou prisão
O Natal também existe
E a dor tem o condão
De o tornar 'inda mais triste.
A crise sempre a crescer
O país tão deprimente
Querer dar e não poder
É sina de tanta gente.
As crianças sofrem mais
Quando na festa há tristeza
Dá pra sentir os seus ais
Quando o clima é de frieza...

sexta-feira, dezembro 14, 2007

Tratado de Lisboa: Luz de realismo ao fundo do túnel da demagogia...







Os "amanhãs que cantam... " de novo a servirem de panaceias redentoras

de mentes obnubiladas pela demagogia e euforizadas artificialmente...













O Tratado de Lisboa, a tal magna carta que se pretende seja um sucedâneo de constituição, poderá ser um marco positivo ou negativo no relacionamento e na coordenação geopolítica na esfera europeia.

Um conglomerado de países, uma miscelânea de culturas, um concerto de nações mobilizadas para um caminhar colectivo na ânsia de vislumbrarem um futuro melhor para todos.

Será que as metas a almejar vão de encontro às expectativas criadas? Será que o futuro, longe do sonho doirado que foi prometido em discursos inflamados será um pesadelo para a grande maioria das populações?

Sem diabolizar nem sacralizar a Europa, há que fazer um apelo ao realismo e ao bom senso, e abordar com serenidade e sem preconceitos de índole ideológica a questão de fundo.

Vemos um desemprego, ainda que estancado - presume-se- , a ensombrar os horizontes de alguns segmentos da sociedade; observamos uma válvula de escape que tem sido providencial neste contexto de anemia geral - a emigração -, cada vez mais premente no quotidiano de várias famílias causticadas pela taxa de juro asfixiante; contemplamos com angústia a crise nas pescas, nos têxteis, na agricultura; ficamos preocupados com certo economicismo que subjaz à praxis governativa, gerando naturais descontentamentos, bem palpáveis nas áreas da educação, da saúde, da justiça; será para agravar ainda mais as já de si periclitantes condições de vida da maioria dos portugueses?

A interrogação é - deveria ser - o sentimento mais realista no momento presente.Não será ocasião para se repensar o modelo desenvolvimentista ora prosseguido, com os desencantadores resultados à vista? Há que reanalisar a questão de fundo, o paradigma sociopolítico até aqui predominante, há que corrigir as medidas subjacentes ao mau desempenho económico. Ou melhor, há que redesenhar o modelo para não penalizar ainda mais os mesmos, fazendo recaír sacrifícios sobre quem tem auferido chorudos proveitos com o actual sistema. Há quem aplauda com entusiasmo o actual status quo, pois tem retirado inegáveis proveitos com ele.

A banca, as grandes superfícies comerciais, telecomunicações, dentre outros, têm sorvido proveitos muito para além do expectável por outros sectores. Há até quem se interrogue se, em vez de estarem ao serviço da economia, no seu conceito mais elevado e socialmente desejável, se têm servido dessa mesma economia para a sugarem, pauperizando e levando à falência pequenos e médios empresários, lançando no desemprego e na miséria social largas franjas da população?

Ou seja: o bem de uns - uma minoria - não será a génese do mal de outros - grande maioria da população- perpetuando uma neofascização de um capitalismo catapultado pela mola neoliberal?

O enricamento brutal de uma pequena elite, que domina a superestrutura jurídicopolítica - vulgo sistema - é feito à custa da pauperização progressiva da maioria da população.

A corrupção vê-se e entra pelos olhos dentro. Bem prega Frei Tomás , sobretudo nas campanhas eleitorais e nos comícios eleiçoeiros a abarrotar de autómatos alienados pela euforia artificialmente criada, mas depois nada faz no sentido de corrigir os males denunciados. Todos criticam a corrupção no período ante-eleitoral. Depois, quem se senta na cadeira do poder - e seja quem for, há que denunciar o pecado - , põe todos os obstáculos para obstruír a marcha inexorável da corruptofilia que impera. Cavaco Silva bem fala - talvez por necessidade estratégica de calar alguns mais impacientes -mas o destinatário dos seus discursos nada faz nesse sentido - veja-se o atestado de subalternidade passado a Cravinho quando quis pôr o dedo nas feridas...

Será que a cassete vai continuar? A verberação da corrupção aquando na oposição e o nada fazer quando no poder? O prometer a regeneração quando em campanha e o meter na gaveta - debaixo do tapete? - quando no exercício do poder? Tudo indica que sim. Até que surja alguém, com vergonha na cara e carácter na alma, para corrigir os desmandos e a degenerescência reinante.


terça-feira, dezembro 11, 2007

Porto Vintage, será?!







A ALMA GIGANTE DE UMA CIDADE!
Alma granítica, forte
Cravo azul, na verdade,
Bastião livre do norte
Oh nobre invicta cidade.
O Majestic é requinte
O Piolho é popular
Um pintor que o Porto pinte
Isto não pode olvidar.
As águas do Douro cantam
Chico Fininho, talvez...
E todos 'inda se encantam
Co'o rock bem português.
Gande gala, o São João,
Toda a cidade desperta
Sempre que ganha o Dragão
são joão pela certa!
Porto vinho ou cidade
Que dupla sensacional
Portentosa qualidade
Ambos elevam o astral.
O Porto tem o seu fado
A História nos ensina
No porvir, globalizado,
O mundo inteiro fascina!
Respeito e veneração
Nos merece esta cidade
O progresso e a tradição
Se casam com majestade.
Na Ribeira, a gente boa
Alma a sangrar, dorida...
A voz do duque 'inda ecoa
A salvar mais uma vida...
E aquela esguia gaivota
Na Foz, do mar sempre à tona
Faz lembrar a Rosa Mota
A ganhar a maratona!
Porto, cidade tripeira,
Com carácter, com honor,
Nos Clérigos altaneira
Um presépio, só esplendor!

Cimeira histórica ou fogo de vista?!

O cidadão vulgar de Lineu interroga-se sobre os resultados palpáveis da cimeira de Lisboa. Será que sairá dali uma nova ordem internacional? Que novidades no tocante a alteração de violações de direitos humanos no continente africano (sobretudo Darfur e Zimbawe)?

Além das parcerias de índole económica (que estão em estudo e poderão ser implementadas no decurso de 2008), há toda uma parafernália de interesses que se poderão concretizar ou não tudo dependendo do acordos ulteriores. Enfim, deu-se um pontapé de saída. Mas o jogo continua...

No Zimbawe o prepotente e déspota Robert Mugabe continuará a urdir as suas tenebrosas teias
no sentido de amesquinhar a oposição interna e erradicar de vez a população branca eventualmente ali ainda radicada. A fascização cada vez maior do regime tenderá à sua eternização no poder. Ninguém tenha ilusões do contrário. As críticas de alguns governantes europeus (legítimas e fundamentadas) cairão em saco roto se não houver mecanismos de penalização do regime. A sua presença em Lisboa poderá até ser usada por ele como arma de propaganda política e surtir efeitos contrários aos pretendidos pelos seus opositores.

Enfim, a cimeira histórica teve facetas positivas, sem dúvidas. Mas também muito de aparato e folclore mediático sem exequibilidade prática na alteração do status quo existente.

Kadafi ficou ofendido com uma pergunta inocente. Ele, o "grande educador", o autoproclamado líder ideológico, a ser interpelado como se fosse o mau da fita? Mas que desaforo, que atrevimento, que ousadia, que falta de respeito pelo todo-poderoso senhor da Líbia...

Que muito do que ali se discutiu vai ficar em banho maria ninguém tenha dúvidas. A alegada "queda do colonialismo" é uma boutade digna de figurar numa antologia de anedotas...

domingo, dezembro 09, 2007

Cimeira de Lisboa: negócios vs direitos humanos.




África: fome, repressão, corrupção, injustiça social...
Darfur e Zimbawe duas feridas
que jamais se podem olvidar...
Ai Lisboa!, teu fado é só balelas
Na mente só negócios, vendilhões;
Ontem daí partiam caravelas
Hoje, vão repartindo só milhões...
De direitos humanos falais tanto,
Mas, de concreto, nada fazeis, não!
Darfur: horror, vexame ignóbil, pranto,
Um inferno dantesco, sem perdão...
Lisboa, não será hipocrisia
Esse fado europeu benemerente?!
De colonizar tens já nostalgia
Não quererás fazê-lo novamente?
África, só miséria e ditaduras
Musculadas com cheiro a corrupção;
Democracia a sério é o que procuras
Liberdade é a meta e grande opção!
Zimbawe, o racismo mais selvagem,
Xenofobia reles, lei da rolha;
O argumento da força é a imagem
De regime caduco... como a folha...
Sida, pobreza, fome, iniquidade!
África, negritude em expansão,
Não confies na cega caridade
Por vezes ela encobre exploração!

quinta-feira, dezembro 06, 2007

Homenagem à hombridade.


Após várias etapas ter vencido
Homérico estoicismo foi seu lema;
A todos disse adeus, dever cumprido!,
Da vida fez um hino, um poema!
Neste baile de máscaras da vida
Ele usou sempre a mesma: a verdade!
Lancetou a mentira apodrecida...
Paladino da honra e hombridade.
Sempre jovem no ser e no falar
Lá na alma da alma ... era um escuteiro,
No servir e no dar... sempre o primeiro!
Tive o grato prazer de partilhar
Magistério fecundo e verdadeiro
Humilde e solidário por inteiro!
NOTA: a minha singela e modestíssima homenagem ao padre Fonte (da Matriz da Póvoa de Varzim) com quem tive o privilégio de privar aquando da minha passagem pela Associação de Pais da Escola Dr Flávio Gonçalves (ao tempo em que presidia ao Conselho Directivo a Dra Odete Brioso Gomes - uma integérrima criatura, diga-se em abono da verdade).

quarta-feira, dezembro 05, 2007

Al Capone anda por aí!...

Ao assistirmos a uma onda de criminalidade à rédea solta, sobretudo nos tempos mais recentes, os portugueses interrogam-se sobre as razões da ineficácia das autoridades no combate a este tipo de criminalidade organizada. Algo de novo começa a surgir. Vislumbra-se um novo Estado adentro do próprio Estado. Algo de tenebroso começa a mostrar a sua capacidade de intervenção e de ocultação, manifestando atrevimento e audácia inauditas.

Será que a noite anda sob o controlo de um novo Al Capone de feição lusa? Será que as autoridades receiam intervir com medo de ferir algum tentáculo mais sensível?

Em Itália só após a queda de Berlusconi os carabinieri tiveram coragem para prender o líder da máfia local. Algo de muito obscuro havia naquele universo de promiscuidades recíprocas. Algo de nebuloso há neste momento em certos meios . Receia-se que os mandantes sejam intocáveis acima de quaisquer suspeitas.

Algo vai podre no Reino da Lusitânia.

domingo, dezembro 02, 2007

Liberdade, Liberdade!


Liberdade querida e suspirada,
Que o despotismo acérrimo condena;
Liberdade, a meus olhos mais serena
Que o sereno clarão da madrugada!
Atende à minha voz, que geme e brada
Por ver-te, por gozar-te a face amena;
Liberdade gentil desterra a pena
Em que esta alma gentil jaz sepultada.
Vem, oh deusa imortal, vem, maravilha,
Vem, oh consolação da humanidade,
Cujo semblante mais que os astros brilha;
Vem, solta-me o grilhão da adversidade;
Dos céus descende, pois dos céus filha,
Mãe dos prazeres, doce Liberdade!
Manuel Maria Barbosa du Bocage
Nota: Há tantos anos escrito este soneto, mas nunca perde actualidade. Quando vemos a liberdade de expressão ser coarctada de forma repressiva e despótica por recursos abusivos e fastidiosos a tribunais (nova forma de censura, às vezes necessária, como é óbvio, mas em certos casos, apenas um chicote para castigar e achincalhar na praça pública quem faz oposição), quando assistimos a tratamentos desiguais da parte da justiça de classe que está instalada entre nós, há que recordar Bocage e zurzir nos que usam o poder económico (e político) para se imporem.
A justiça de classe é a vergasta mesquinha usada pelo ricaço para ofender o menos afortunado em termos económicos. A imprensa, a TV (veja-se o vergonhoso caso José Rodrigues dos Santos) e a rádio, estão ao serviço do poder (económico e político) dominante.
A maior parte dos jornais locais estão enfeudados. Poucos são isentos ou independentes. A lei da rolha impera. A genuflexão ao poder imperante é notória.
Bocage, o intemporal bardo sadino, continua actual, está sempre na moda.