domingo, fevereiro 17, 2008

DARFUR, a vergonha das vergonhas!

A palavra solidariedade onda tão arredia...
Há quem confunda solidariedade com lambebotismo a corruptos eventualemente caídos em desgraça ou com cumplicidades na gestão da coisa pública. Estilo: dás-me votos dou-te subsídios, dás-me o teu apoio político, dar-te-ei compensações financeiras adentro das possibilidades que uma gestão obscura e pouco escrupulosa pode proporcionar.
Vemos jornalistas incensando corruptos notoriamente envolvidos em escândalos dos mais bizarros, gastando cera infinda com tão ruins defuntos, mas sem tempo nem espaço para a injustiça social mais gritante que todos os dias nos bate à porta. É mais fácil ouvirmos um padre na homilia dominical verberando um eventual «insulto» sobre um qualquer caudilho, quando na maior parte dos casos é o direito à indignação a funcionar em plenitude, do que uma crítica ao aumento do desemprego, às fraudes monstruosas no sector bancário ou na gestão danosa de recursos públicos.
É a lei da hipocrisia a funcionar. É a lógica das cumplicidades-compadrios a ser confundida com solidariedade autêntica.
DARFUR continua aí, cheia de pecados, plena de vítimas inocentes carregando a pesada cruz da inconsciência de uns tantos e a negligência de um universo onde impera a hipocrisia e a lei do mais forte. Se lá houvesse muito petróleo lá estariam americanos ingleses bem artilhados prontinhos a defenderem os direitos humanos.
Infelizmente tudo continua a leste desta monstruosidade. Os media deleitam-se a comentar as últimas da Floribela, da Lili Caneças ou do Cristiano Ronaldo, esquecendo este problema gravíssimo que envergonha toda a humanidade. Como seres humanos devemos solidariedade autêntica uns aos outros.
Admiro aqueles missionários que deixando as suas famílias, lá vão, por terras inóspitas deixando a saúde e a sua solidariedade a gentes deixadas à sua sorte, em ambientes inóspitos, onde o sectarismo religioso ou o ódio tribal são aproveitados por traficantes de armas para saciarem a sua cupidez elevada ao extremo.
DARFUR continua a precisar da nossa voz, do nosso empenho, da nossa solidariedade. Era bom que todos os jornalistas dessem um pouco de atenção a este fenómeno que é uma vergonha para o homo sapiens, um insulto a esta sociedade que se diz civilizada mas que continua empapada de sangue de inocentes vítimas de malfeitores sem escrúpulos que vivem no luxo e na opulência à custa da desgraça alheia. A droga, as armas, o tráfico de seres humanos são leit-motivs subjacentes a toda esta miséria que vai amortalhando uma sociedade hipócrita e sem sentido da dignidade.
Os jornais e as TV's deixem um pouco essa alienação cor-de-rosa em que mergulham e olhem de frente este problema. O mundo está cheio de problemas graves e há uma campanha para o silenciar. Há obscurantismo institucionalizado. Há desprezo absoluto pelos direitos humanos.
Por favor olhem com atenção para DARFUR e lutem com todas as forças para a erradicação deste flagelo. Todos somos culpados, pelo nosso silêncio, pela nossa cobardia, pela nossa falta de solidariedade.

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