sábado, junho 21, 2008

Um Homem que não ajoelhou a Salazar



Tal como D. António Ferreira Gomes, bispo de Porto, e durante muitos anos exilado político, que nunca vergou perante o ditador Salazar, Aristides Sousa Mendes, então cônsul de Portugal em Bordéus (a 16 de Junho de 1940 tomou a decisão de passar 30.000 vistos a judeus perseguidos pelo nazismo), sabia que enfrentava uma tempestade política. Ao desobedecer às ordens de Salazar arriscava (como veio a acontecer) a sua carreira diplomática e o seu futuro profissional (foi até impedido de exercer advocacia), mas, indiferente ao risco, colocando acima de tudo a sua consciência, a sua integridade, optou pela ruptura, pelo afrontamento.

Não foi fácil ser reabilitado (a título póstumo) pois o seu acto tinha contornos que poderiam ser considerados lesivos para a economia nacional, para o interesse nacional, e deveria ser punido exemplarmente, para se evitarem situações similares. Contudo, o carácter excepcional desta conduta, num contexto de demência anti-semita, foi enaltecido e louvado, ainda que muito à posteriori...

A ele, ao seu exemplo humanitário, a nossa homenagem. O nosso respeito pela coragem, mesmo sabendo que iria sofrer danos irreparáveis. Aristides Sousa Mendes, o nosso Schindler, o tal da «lista» que o cinema imortalizou...



Quando imperava o terror
e toda a gente vergava
ao jugo do ditador
ele ousou ser um «traidor»,
Salazar desafiava.



Ser vertical é servir
a causa da consciência,
ao ódio nunca anuír,
saber sempre transgredir
quando impera a prepotência.


A suástica ditava
a morte ao povo judeu,
Aristides conspirava,
ordens vis não respeitava,
então, desobedeceu.



Não vergou. Foi castigado,
Salazar não perdoou,
ao ostracismo votado,
perseguido e molestado
não fugiu nem ajoelhou.



Seu gesto de rebeldia
a gente jamais esquece
a coragem e a ousadia
merecem a simpatia
do mundo, que lhe agradece.

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