quarta-feira, dezembro 31, 2008

Falta de lealdade?!


A questão do estatuto dos Açores vem trazer mais achas para uma fogueira que ganha contornos pouco aliciantes. De facto, Cavaco Silva sente-se vítima de falta de solidariedade institucional, de quebra de lealdade, de afronta mesmo. Diz que lhe retiraram poderes. Queixa-se de que poderá haver quebras no regular funcionamento das instituições e até atentado grave ao equilíbrio de poderes.
Diz isto em altos brados, usando a comunicação social para vergastar «os partidos», esses monstros geradores de instabilidade institucional! Sim, «os partidos»...
De facto, há quebra nos seus poderes em detrimento de um certo reforço da autonomia. Mas em democracia há que respeitar os domínios específicos de cada órgão. A AR é um órgão autónomo, fiscalizador do governo e o órgão legislativo por excelência. Não pode ser considerado uma caixa de ressonância do dito governo, muito embora possa comportar-se como tal.
O que é de lamentar no comportamento do Senhor Presidente da República é o uso de dois pesos e duas medidas.
Assim, queria perguntar-lhe: onde é que estava quando o presidente do governo regional da Madeira se pavoneava a fazer inaugurações em catadupa em plena campanha eleitoral? Onde é que estava este presidente da República quando a assembleia Regional da Madeira foi gravemente insultada («bando de loucos») pelo presidente do governo indígena? Onde é que estava o senhor Presidente da República quando um deputado eleito pelo povo madeirense (José Manuel Ribeiro) foi impedido de entrar no órgão legislativo a que pertence?
São ou não são atentados ao regular funcionamento das instituições? São ou não abusos que podem pôr em xeque a própria democracia?
Admito que possa ter actuado subrepticiamente, quer enviando emissários ou fazendo manifestar a sua discordância por interpostas entidades.
Contudo, e aqui é que mora o busílis da questão, não o fez na praça pública, usando a comunicação social, como o faz agora, e como seria da mais elementar prudência fazer também , naquelas circunstâncias tão pouco lisonjeiras para o processo democrático.
Há dois pesos e duas medidas na praxis presidencial: na Madeira não tugiu nem mugiu, apesar de ser uma afronta pública e notória, assumindo graves repercussões, e agora, assume uma postura de vestal impoluta e ferida na sua virgindade imaculada!... Servindo-se da comunicação social para dar um «puxão de orelhas» aos partidos!

6 comentários:

Manuel CD Figueiredo disse...

A verdade reside exactamente aí: o facto de usar dois pesos e duas medidas!
Em meu entender, deveria o PR ter publicamente mostrado o seu profundo desagrado pelos acontecimentos na Madeira (e não foram poucos), que atingiram todos os portugueses, e nada fez.Teria sido, pelo menos, um acto pedagógico. Mas Mário Soares procedeu de igual forma...
E para ajudar à festa, do lado da comunicação social é o que se vê!

Desejo-lhe, caro "rouxinol", um óptimo Ano de 2009.

amsf disse...

Mas para que quer ele poderes que não usa quando é oportuno!?

Desejo ao meu anfitrião um feliz 2009!

Dimas Maio disse...

Caro Rouxinol
Saudações fraternais!

Muito bem observado. A sua sentença vale por um acórdão.
O que o espertalhão não contava era com a discrepãncia do seu P.S.D, daí os seus bramidos lancinantes - aqui, um pouco de exagero faz a correspondência.

Nunca voz lhe doa !

poetaeusou . . . disse...

*
espero
que ela não faça, o que
fez o inglês jorge sampaio,
,
um 2009,
repleto de saúde,
,
*

Rosie disse...

obrigada por ter passado no meu blog

um feliz 2009 repleto de coisas boas!

Pelos caminhos da vida. disse...

Obrigado pela visita.

Feliz 2009 com muita saúde, paz, amor e gdes realizações.

beijooo.