domingo, janeiro 18, 2009

Entrevista com o Marquês de Pombal...

Meu caro rouxinol, isto da política agora tem muito que se lhe diga. No meu tempo não havia sondagens, nem «luvas», nem assessores de imagem... Agora, a corrupção é quem mais ordena!...
Fui entrevistá-lo. Já farto de ouvir os mesmos discursos estereotipados, a mesma lenga-lenga, o mesmo frenesim populista, fui ouvir o seu diagnóstico da actual situação. E, se possível, a terapêutica. Às vezes os antigos têm uma sabedoria intemporal que urge aproveitar. Este tem obra feita, não é um teórico, um manipulador de consciências, um ilusionista do verbo...
R. B.- Então meu caro Sebastião José, como está o tempo por aí?
M.P. _ Olha rouxinol, muita turbulência e volatilidade, como nas bolsas. A crise energética faz-se sentir cá no céu com intensidade...
RB__ Como assim?!
M.P. _ Nossa Senhora queria fazer uma aparição na Terra Santa a ver se travava o confilto israelo-palestiniano mas teve que adiar a viagem...
RB_ Porque é que Deus não cria um TGV?!
MP_ Já pensou nisso mas diz que não tem clientela para tornar rentável esse meio de transporte. Diz que é uma obra caríssima e sem impacto imediato... enfim, tretas economicistas. Eu, pessoalmente, com a minha visão de futuro, repliquei que era necessário, que a longo prazo seria rentável, que não podemos pensar só no curto prazo, que devemos ter horizontes mais amplos. Mas Deus é que manda. Ficou com a Sua ideia e eu com a minha!...
RB_ Mas vocês têm diálogo? Têm contactos a esse nível?
MP_ Deus é dialogante mas sabe tudo. Como tal as suas ordens não admitem recusas. Eu fui considerado louco por fazer Lisboa com aquela amplitude, mas se não fosse assim eu queria ver o escoamento do tráfego hoje em dia!...
RB_ Portugal deve-te muito caro marquês. Mas sabemos que foste ridicularizado por essa megalomania. Que achas do TGV actualmente. É útil para Portugal?
MP_ É claro que pode não ser rentável no curto prazo mas há que começar a pensar em termos de futuro. Os míopes não vão muito longe na política. O aeroporto de Alcochete é premente. Se houvesse agora um acidente de graves proporções na cidade de Lisboa, toda a gente diria que era urgente. Como ainda não houve, graças a Deus, ninguém vê essa urgência.
RB_ Mas num contexto de austeridade e pauperismo colectivo não achas que é abusiva esta megalomania despesista?
MP_ Meu caro rouxinol a culpa é toda da corrupção e dos vigilantes também corruptos que não fiscalizam nem punem a corrupção reinante. Anda tudo a mamar à custa do erário público. Depois os corruptos têm uma rede de bajuladores na TV, nos jornais e nas rádios que até mete nojo. Eu ouço e vejo bem o que se passa. Se fosse comigo isto dava uma volta completa...
RB__ Que farias então, marquês?
MP__ Estes vendilhões do templo democrático eram todos corridos à chicotada. Presidentes de câmara promíscuos, juízes venais, governantes trapaceiros, entidades fiscalizadores corrompidas que fazem orelhas moucas e assobiam para o ar enquanto os trapaceiros se governam à vontade.
RB__Achas que anda tudo ao mesmo? Só querem é o vil metal? Será que Jardim tem razão em dizer que Portugal enlouqueceu?!
MP__ Se tem! Essa foi a maior autocrítica que já ouvi. Ele ainda há pouco fez outra bem elucidativa dizendo que a péssima qualidade dos políticos era a causa desta pouca vergonha. Ele fez um acto de contrição exuberante e franco! Ele é o maior, em tudo o que é mau neste país! Menos nos actos de contrição...claro!

Um comentário:

J Araújo disse...

Achei o maximo a "entrevista" com o Marquês de Pombal. Aí como cá do outro lado do Pacífico, o tempo passa e os corruptos e corruptores continua no auge das falcatruas políticas vendendo muitas vezes não se importando de negociar a própria mãe para obter vantangens.

Abraço