quinta-feira, outubro 10, 2013

Maddie McCann

O que faz correr os MacCann: a procura da filha ou o encobrimento de um possível ato de negligência?
Todas as hipóteses estão em aberto: rapto, morte por acidente, acidente...
Estamos num país livre e, temos de aceitar todas as hipóteses como legítimas. Até ao momento, e atentos os dados conhecidos, é tão credível a tese de Gonçalo Amaral __ que suspeita que ela tenha sido vítima de alguma acto negligente dos pais, causando-lhe  a morte, que tentaram encobrir  simulando um rapto__, como a dos pais que continuam a insistir na tese da rapto. Ambas devem merecer crédito.

A tese da morte acidental foi corroborada por laboratório inglês que detetou vestígios capilares no carro que os Mac Cann alugaram uns dias após o dia fatal (?) e foram a Huelva (Espanha) não se sabe bem fazer o quê, pois se estavam tão preocupados com o desaparecimento da filha não se vislumbram motivos credíveis para uma deslocação daquelas... 

Respeito a posição do casal, todavia parece-me demasiado especulativa e tem dado azo a interrogações respeitáveis  também . Será por acaso esta insistência da polícia inglesa, sobretudo num momento em que se analisa o caso do pedido de indemnização (vultuoso) num tribunal português? O casal MacCann quer dinheiro, muito dinheiro, e não se poupa a esforços para o conseguir. Deveria ser muito mais tolerante com a tese do ex-inspetor, pois a opinião pública, um segmento muito grande diga-se, também partilha esta tese.
Aliás foi de origem inglesa (até os cães que farejaram odor a cadáver no carro eram ingleses...) a primeira insinuação  que conduziu à tese (hipótese plausível) de Gonçalo Amaral.

Os hipermediatismos não assustam ninguém e espero que não assustem os tribunais portugueses. Estamos num país onde existe liberdade de expressão (devia existir...). A hipótese perfilhada pelo ex-inspetor é sustentada  em muitos factos concretos, palpáveis. O frenesim mediático, excessivo, hiperdramatizado, também pode alimentar a tese da manobra de diversão do casal para afugentar as culpas e legitimar a vitimização. Estamos fartos de ver situações destas na política cá em Portugal. Há jornais que se prestam a tudo.

A propósito da morte do ex-presidente John Kenedy,  foi feito um filme apontando para algumas pistas perfeitamente verosímeis. Aqui  em Portugal se fosse feito um filme sobre a morte de Sá Carneiro e fosse apontada a CIA como a mandante __ sobretudo após o depoimento do alegado ex-agente Farinha Simões...__ alguém se surpreenderia? Desde o início se ouviu a tese de ser Amaro da Costa o ministro da defesa de então o alvo a abater. Desde o início se falou no tráfico de armas e num Fundo do Ultramar que estaria a ser usado como saco azul por alguns militares, sem qualquer controlo pelo governo ou entidades credíveis. Essa suspeita ainda não foi erradicada.

A liberdade de expressão, num país livre, sem tutorias externas, sem amarras mediáticas especulativas, sem pressões políticas externas, deve ser apanágio de uma verdadeira democracia. Espera-se que os tribunais portugueses não se deixem vergar a pressões do poder mediático ou do poder político, ou financeiro.

Respeitem-se todas as hipóteses, mas até ao momento, sem conclusões, todas as hipóteses são verosímeis, nenhuma se pode sobrepor a outra como a mais credível, por mais frenesim mediático que se provoque, por mais alarido histérico que se desencadeie.

J. Leite de Sá

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