domingo, fevereiro 25, 2018

O "génio" caído em desgraça...








Ele tinha uma obsessão: ter tudo sob o seu controlo, a sua mão firme, o seu olhar fulminante.
Tinha dezenas de "olheiros" que o  informavam de tudo o que acontecesse.  Tinha também  a "Bíblia", o nome pomposo  que dava ao jornal , onde escrevia quase tudo, muito embora outros passassem por ser os autores. Sobretudo notícias anónimas. O seu ADN possessivo e egocêntrico estava visível a olho nu.  Notícias com ataques pessoais, sobretudo.

Tudo o que se passava nas associações era do seu conhecimento, pois os líderes eram escolhidos pelo grau de fidelidade, eram "olheiros" premiados com essa benesse. Ai daquele que não cumprisse religiosamente as suas instruções. Ele mandava atacar este e aquele mas negava tudo, se o pressionassem. Silenciava nos jornais e nas rádios todos os que pensava poderiam fazer-lhe sombra, beliscar a sua imaculada reputação de vestal sagrada. 
Ai daquela associação que se atrevesse a ter alguém independente, sério, honrado. Ele dizia que ia "colidir" com o seu vasto império de acólitos servis e bacocos. Tentava criar intrigas familiares e  profissionais  parta ferir de morte tal ousadia, tal ameaça ao seu despotismo iluminado.

No JN até tinha um "velhote" "velhaco" que lhe dava conta de tudo. Aquele que não lhe desse os parabéns no aniversário era logo suspeito de se bandear para o lado do inimigo. Ficava na "lista negra"...

Na família era um autêntico D. Corleone. Ai de quem ousasse pisar o risco. Mandava logo toda a família deixar de lhe falar. Dava ordens aos funcionários para isolar completamente todo aquele que sentisse ser um perigo potencial, uma sombra, uma nuvem negra que ofuscasse o prestígio  do seu astral brilhante e arrasador. Uma espécie de "boi Ápis",  deus no antigo Egíto.

Disse aos próprios netos que deixassem de falar com o "outro" avô...Deixara de lhe prestar total vassalagem, tinha coluna vertebral, dignidade,  e não se prestava a ser lambebotas.

Tinha o clube do coração do qual era um devoto (porque ele lhe dava votos...); ai de quem criticasse o seu clube, o seu treinador, o seu presidente; ele sim, podia criticar a seu bel-prazer como fez tantas vezes, os outros não.

Enfim, vieram as redes sociais e a "Bíblia" foi desmascarada, lançada para o fogo purificador, na praça pública, perante o gáudio da populaça finalmente liberta do tirano...

José Sá

Um comentário:

Menina Marota disse...

Pois... algum dia os D. Corleones deste País tinham que cair...